quarta-feira, 7 de agosto de 2013

DRYMARIA CORDATA- sorrateira e perigosa



A mais ou menos quatro anos atrás, surgiu em nossa propriedade uma plantinha desconhecida, que começou a se alastrar no gramado. Só  chamou nossa atenção depois que soltou sementes que grudavam nas barras de calças, nos calçados, pelo dos animais e em tudo mais que tivesse contato físico com ela.
Consultei um agrônomo conhecido, de uma loja de produtos agrícolas em Araras, que mesmo sem conhecer a planta, logo indicou um herbicida para plantas de folhas largas de nome Tordom.  O resultado foi quase imediato, mas a rebrota ocorreu novamente depois de poucos dias.
Aí então, por se tratar de um produto tóxico, simplesmente optei por ignorar a praga e fui aparando o gramado cada vez mais baixo para ceifar a planta antes de produzir sementes.  Nas partes ensolaradas o resultado foi bom, mas nas partes com sombra e com mais umidade a disseminação não parava, muito pelo contrário, aumentava sempre.
Hoje o quadro é desesperador.  O “Cordão de Sapo”, assim como é popularmente conhecido, se espalhou por toda a propriedade. Qualquer herbicida específico para folhas largas aparentemente mata a planta, mas depois de alguns dias ela sempre rebrota. Como nenhum agrônomo que conheço não se interessou realmente em ajudar-me, parti para uma pesquisa solitária. A planta é conhecida no mundo inteiro, mas não é tratada ainda como endêmica. Tem até usos fitoterápicos! Mas o fato é que tem o poder de aniquilar gramados, pastos e o pior, hoje está completamente adaptada ao nosso clima, aparecendo inclusive em meio a pasto de braquearia que é um tipo de gramínea usada em manejo para controle de nematodes. Ao contrário da maioria de outros países, por aqui ela não aparece só no inverno não. Permanece vistosa o ano inteiro, mas com prevalência no outono e no inverno.
Se voce tem pasto, horta, jardim ou gramado, fica aqui o alerta. A planta é terrivelmente invasiva.  Conheço muitas cidades aqui no estado de São Paulo que estão perdidas com a infestação e tambem algumas cidades de Minas Gerais. Estou admirado dos professores da E.S.A.L.Q . de Piracicaba ainda não terem tomado providencias uma vez que o centro universitário tambem está   completamente tomado pela praga.
Em nossa pousada em Analândia SP estamos controlando apenas o entorno das casas e os pastos dos cavalos. O trabalho é manual e algumas vezes com herbicida do tipo 2-4,D.

Dia 03/09/2013 a Rede Globo enviou uma equipe na pousada Recanto Som das Águas em Analândia SP para gravar uma matéria sobre a "Drymaria Cordata". Matéria essa que deve ir ao ar oportunamente no programa Globo Rural. Segundo a Dra. Patrícia Monquero do departamento que estuda ervas daninhas da faculdade de agronomia  da UFSCAR, que tambem participou da matéria, a praga é realmente muito difícil de ser controlada. Presente praticamente no mundo todo, hospeda nematoides do gênero meloidogyne nos galhos e raízes.
Gêneros de nematoides como Pratylenchus brachyurus, Meloidogyne spp., Heterodera, Rotylenchulus reniformis têm causado preocupação especial em Mato Grosso. De acordo com a pesquisadora da unidade Valéria Oliveira Faleiro, da Embrapa Agrossilvipastoril, especialista na área de Nematologia, trata-se de um problema que já vem de algum tempo, mas levantamentos realizados pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso) e Aprosmat (Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso), revelaram que a partir de 2010 houve um agravamento do nível de dano causado pelos parasitas, preocupando técnicos e produtores.
Confundir com deficiências de ordem nutricional, desconhecer ou subestimar o problema e até mesmo ter medo da depreciação do valor de sua terra no mercado. São esses alguns dos fatores que mais limitam a eficiência no controle dos nematoides. Na média, os danos causados às culturas de soja, milho e algodão ficam entre 10 e 30%. Em alguns casos, porém, essas falhas de manejo podem comprometer inteiramente uma lavoura.(dados colhidos no site Portal Dia de Campo)

A Drymaria Cordata propaga-se por sementes e fragmentos de caule. No caule existem nózinhos que soltam raízes. As sementes tem uma "cola" que gruda em animais domésticos, pessoas, pássaros e qualquer coisa com a qual tenha contato físico. O controle mecânico portanto fica complicado, pois qualquer semente ou pedacinho que ficar para trás de numa capina, por exemplo, brota e vira uma nova planta. As  formas possíveis não químicas de controle são duas: A solarização do solo(vide EMBRAPA) ou aumento de cobertura morta. São técnicas de manejo  eficientes em canteiros de jardins e hortas. Já em gramados e pastagens é preciso usar herbicidas pré e pós emergentes. A linha dos herbicidas do tipo Tordon ou  2- 4D, que são os mais usados para folhas largas, não matam a planta. Apenas matam a parte aérea, depois ocorre a rebrota. Particularmente acho que o problema deve aumentar muito pois a proliferação está fora de controle e a maioria das pessoas não faz nada para amenizar o problema. Como a praga até agora não é problema mais sério em grandes culturas que predominam no estado de São Paulo, principalmente da cana, não vejo solução. O custo de lançamento de uma nova molécula para compor um herbicida é muito alto e não se justifica.

21/05/2014. Durante o outono e inverno do ano anterior controlei o "Cordão de Sapo" com herbicidas pré e pós emergente nos gramados e no pasto. Esse ano ficou muito mais fácil devido a seca que ocorreu no final do verão e outono aqui na região central do estado de São Paulo. Essa planta precisa de bastante umidade e apenas o orvalho não basta para ela. Tenho feito agora mais o controle manual evitando pulverizações sempre tomando o cuidado de não deixar resíduo da planta no lugar onde foi arrancada. 

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